domingo, abril 29, 2012


Sexo também é Cultura



Os pais criavam porcos; assim ele me contou: uma porca trouxe uma dúzia de leitõezinhos, bonitos e fofinhos. Mas era uma luta na hora da mãe amamentá-los, um vinha por cima, outro por baixo, o importante e salutar era achar uma teta sobrando – pois a ninhada ultrapassara o número de tetas da própria mãe.

Sempre alguém ficava com fome, quando àquela se levantava, satisfeita do dever cumprido de alimentá-los.

Nessa luta de gêneros – de macho e fêmea – morreram duas fêmeas, sobrando oito machos para duas representantes do sexo feminino; que nessa condição, alcançaram a maioridade e a malícia da procriação – todos vivendo no mesmo chiqueiro – aquela promiscuidade descabida – comparada aos muitos seguimentos da sociedade humana; sem as malícias dessa, é melhor que se diga. 

Descontados dois machos, que foram castrados para a engorda, sobraram seis machos, para duas fêmeas – o pai vendera uma fêmea e três machos para o seu compadre.

A curiosidade do menino voltou-se a esse fato – são três homens pra uma mulher – e notando o cio da fêmea, separou os machos, para cada um deles à sua hora e vez – num chiqueirinho separado – comesse a própria irmã, marrã.  É assim no mundo dos animais.

Pensava, com isso, triplicar o número de porquinhos, quando essa parisse – que pelo histórico da mãe – ninhada de doze – e aquela ali, filha com DNA de boa reprodutora, enxertada três vezes, à revelia, pariria então trinta e seis leitõezinhos – sem esquecer que ele próprio, o infante moleque, dava a sua contribuição, no pensamento, inspirado naquela devassidão.

Para sua decepção, não nasceram os trinta e seis, nasceu uma ninhada de apenas seis leitõezinhos. Conclusão: o importante não era a quantidade da porra, mas a fertilidade da fêmea – que ainda na tenra idade já posava de reprodutora – mas sem os óvulos suficientes.

E ele ali, já se fazendo de cachaço-reprodutor, com um tiquinho de sêmen, de nada.

Lembrava o cio das vacas e a montada do touro – que era aquela pintada, que Deus às acuda. Pôs Deus aqui, por que está na bíblia: “crescei-vos e multiplicai-vos”. Logo, nada daquilo poderia ser pecado: o mundo precisava de animais, de carne – de porcos e vacas – para alimentar esses “humanos” todos de agora.

Sete bilhões de pessoas no planeta Terra – quem escreveu a bíblia deveria ter omitido esse detalhe: “de crescei-vos e multiplicai-vos”. Pois, não omitindo o inoportuno conselho – para os menos esclarecidos – deu nisso: sete bilhões de pessoas num mundo totalmente desajustado!

Nos meus tempos de menino se comia vaca, bezerra, cabrita, tanto quanto se comia a carne daquelas, ele dizia. Pensar que não, negar as carências da época, seria a mais pura hipocrisia. Os meninos da cidade, desses, não me perguntem como faziam – isso é lá com eles – pois naquele tempo, ainda não havia camisinha – o que liberou e deliberou de vez a sacanagem e os cachacinhos e as marrãzinhas, agora, amando à revelia.

E pensam que estou exagerando? Sexo também é cultura, haja vista, os olhos e ouvidos do povo – plantados em frente à TV, vendo sacanagem nas novelas – pois é disso que o povo gosta! Ainda que haja aquele que dirá que estou sujando a coluna com imundícies, mas reafirmo: é disso que o povo gosta – big brother Brasil!

E já que você concorda comigo, que a sacanagem é ao vivo, a cores, e de graça, e agora franca – pois liberado pelos juízes do poder econômico, para todas as idades – as novelas vão virar a mais pura libidinagem, pois eles precisam de ibope e o povo, de uma boa dose de depravação.

E vamos ser realistas, a humanidade está levando ao pé-da-letra, o sexo e a sexualidade. Os homens e mulheres, se não leram a bíblia – o que é uma pena, pelos ensinamentos que ela nos passa de bom – ao menos prestaram atenção à frase que norteia esse momento da mais ardente fantasia sexual – com o incentivo da TV – é claro!

E não venham botar culpa na consciência daquele inocente menino – querendo multiplicar os porcos – pois, depois dessa, dos doutores da lei lavar às próprias mãos e liberar a bandalheira e deixar a censura por conta dos pais, do povo – como fez Pôncio Pilatos – aquele menino está absolvido de todos os seus pecados.

Era um santo, o obcecado onanista, moleque sem tranca nas braguilhas.


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