Sexo também é Cultura
Os
pais criavam porcos; assim ele me contou: uma porca trouxe uma dúzia de leitõezinhos,
bonitos e fofinhos. Mas era uma luta na hora da mãe amamentá-los, um vinha por
cima, outro por baixo, o importante e salutar era achar uma teta sobrando –
pois a ninhada ultrapassara o número de tetas da própria mãe.
Sempre
alguém ficava com fome, quando àquela se levantava, satisfeita do dever
cumprido de alimentá-los.
Nessa
luta de gêneros – de macho e fêmea – morreram duas fêmeas, sobrando oito machos
para duas representantes do sexo feminino; que nessa condição, alcançaram a
maioridade e a malícia da procriação – todos vivendo no mesmo chiqueiro –
aquela promiscuidade descabida – comparada aos muitos seguimentos da sociedade
humana; sem as malícias dessa, é melhor que se diga.
Descontados
dois machos, que foram castrados para a engorda, sobraram seis machos, para
duas fêmeas – o pai vendera uma fêmea e três machos para o seu compadre.
A
curiosidade do menino voltou-se a esse fato – são três homens pra uma mulher –
e notando o cio da fêmea, separou os machos, para cada um deles à sua hora e
vez – num chiqueirinho separado – comesse a própria irmã, marrã. É assim
no mundo dos animais.
Pensava,
com isso, triplicar o número de porquinhos, quando essa parisse – que pelo
histórico da mãe – ninhada de doze – e aquela ali, filha com DNA de boa
reprodutora, enxertada três vezes, à revelia, pariria então trinta e seis
leitõezinhos – sem esquecer que ele próprio, o infante moleque, dava a sua
contribuição, no pensamento, inspirado naquela devassidão.
Para
sua decepção, não nasceram os trinta e seis, nasceu uma ninhada de apenas seis
leitõezinhos. Conclusão: o importante não era a quantidade da porra, mas a
fertilidade da fêmea – que ainda na tenra idade já posava de reprodutora – mas
sem os óvulos suficientes.
E
ele ali, já se fazendo de cachaço-reprodutor, com um tiquinho de sêmen, de
nada.
Lembrava
o cio das vacas e a montada do touro – que era aquela pintada, que Deus às
acuda. Pôs Deus aqui, por que está na bíblia: “crescei-vos e multiplicai-vos”.
Logo, nada daquilo poderia ser pecado: o mundo precisava de animais, de carne –
de porcos e vacas – para alimentar esses “humanos” todos de agora.
Sete
bilhões de pessoas no planeta Terra – quem escreveu a bíblia deveria ter
omitido esse detalhe: “de crescei-vos e multiplicai-vos”. Pois, não omitindo o
inoportuno conselho – para os menos esclarecidos – deu nisso: sete bilhões de
pessoas num mundo totalmente desajustado!
Nos
meus tempos de menino se comia vaca, bezerra, cabrita, tanto quanto se comia a
carne daquelas, ele dizia. Pensar que não, negar as carências da época, seria a
mais pura hipocrisia. Os meninos da cidade, desses, não me perguntem como
faziam – isso é lá com eles – pois naquele tempo, ainda não havia camisinha – o
que liberou e deliberou de vez a sacanagem e os cachacinhos e as marrãzinhas,
agora, amando à revelia.
E
pensam que estou exagerando? Sexo também é cultura, haja vista, os olhos e
ouvidos do povo – plantados em frente à TV, vendo sacanagem nas novelas – pois
é disso que o povo gosta! Ainda que haja aquele que dirá que estou sujando a
coluna com imundícies, mas reafirmo: é disso que o povo gosta – big brother
Brasil!
E
já que você concorda comigo, que a sacanagem é ao vivo, a cores, e de graça, e
agora franca – pois liberado pelos juízes do poder econômico, para todas as
idades – as novelas vão virar a mais pura libidinagem, pois eles precisam de
ibope e o povo, de uma boa dose de depravação.
E
vamos ser realistas, a humanidade está levando ao pé-da-letra, o sexo e a
sexualidade. Os homens e mulheres, se não leram a bíblia – o que é uma pena,
pelos ensinamentos que ela nos passa de bom – ao menos prestaram atenção à
frase que norteia esse momento da mais ardente fantasia sexual – com o
incentivo da TV – é claro!
E
não venham botar culpa na consciência daquele inocente menino – querendo
multiplicar os porcos – pois, depois dessa, dos doutores da lei lavar às
próprias mãos e liberar a bandalheira e deixar a censura por conta dos pais, do
povo – como fez Pôncio Pilatos – aquele menino está absolvido de todos os seus
pecados.
Era
um santo, o obcecado onanista, moleque sem tranca nas braguilhas.
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